VENÂNCIO à um passo da Inclusão ou Armadilha após receber convite de CHAPO - acusa Tibana


VENÂNCIO À UM PASSO DA INCLUSÃO OU DE UMA ARMADILHA?

Convite de Chapo a Mondlane para o Diálogo Nacional levanta dúvidas sobre sinceridade e legitimidade

Maputo – O recente convite do Presidente moçambicano, Daniel Chapo, ao opositor Venâncio Mondlane para participar nas auscultações públicas nacionais e da diáspora sobre o Diálogo Nacional Inclusivo abriu um debate intenso em Moçambique. Para uns, o gesto sinaliza um possível início de reconciliação política. Para outros, é apenas mais uma estratégia de sobrevivência do regime da FRELIMO, destinada a dar aparência de abertura sem ceder poder real.

O economista e analista político Dr. Roberto Júlio Tibana não poupou críticas. Em artigo recente, acusou Chapo de usar “distracções protocolares” para mascarar o fracasso de um processo que nasceu excludente. Para Tibana, a verdadeira prova de honestidade do Chefe de Estado não está nos convites públicos, mas na capacidade de reformar a legislação que regula o diálogo. “Sem uma emenda ou revogação da lei absurda que exclui o ANAMOLA e Venâncio Mondlane, tudo não passa de encenação. Não é inclusão, é armadilha”, afirmou.

Entre reconciliação e manipulação

Venâncio Mondlane, líder do recém-legalizado partido ANAMOLA e principal adversário de Chapo nas eleições de 2024, tem reiterado sua disposição em participar de um processo de diálogo verdadeiramente inclusivo. Sua entrada no Conselho de Estado, por força constitucional, reforçou o peso político da sua figura, tornando impossível ignorá-lo.

No entanto, como sublinha Tibana, a presença de Mondlane em cerimónias oficiais não deve ser confundida com abertura política genuína. “As causas do povo não podem ser reduzidas a fanfarras protocolares. A inclusão só terá legitimidade quando a lei do diálogo for corrigida para reconhecer o direito de todos os actores políticos relevantes a estarem à mesa”, disse o analista.


O dilema de Daniel Chapo

Para o Presidente, a equação é delicada: aceitar Mondlane e o ANAMOLA no processo pode dar legitimidade a um diálogo que até agora é visto como controlado pela FRELIMO. Mas isso exigiria enfrentar resistências internas no partido e entre parceiros políticos já acomodados ao status quo.

Internacionalmente, Moçambique é observado com atenção. O país continua a lidar com os efeitos da insurgência em Cabo Delgado, o peso da dívida oculta e o desgaste da confiança nas suas instituições democráticas. Para diplomatas estrangeiros em Maputo, a inclusão de Mondlane seria um sinal positivo — mas apenas se acompanhada de mudanças estruturais.

Reflexão maior

O debate vai além de protocolos e convites. No centro está a questão da honestidade política e da legitimidade democrática. Será o convite de Chapo um passo histórico rumo à reconciliação nacional ou apenas mais um capítulo na longa tradição moçambicana de diálogos controlados para adiar reformas profundas?

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