![]() |
Comandante João de Abreu ex- PCA do IACM 2013-2025 (reprodução/internet) |
De acordo com MBC TV, a casa caiu no sector da aviação moçambicana. João de Abreu, o homem que durante mais de uma década comandou o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) com mão de ferro, foi finalmente exonerado. A queda não é por acaso — é o resultado de anos de denúncias, suspeitas e escândalos que agora explodiram como uma bomba no meio da opinião pública.
O que para muitos parecia “apenas mais um boato” transformou-se num caso oficial. O Ministério Público já tinha acusado Abreu em 2022 de “gestão danosa”, apontando para um esquema de adjudicações diretas ilegais, pagamentos indevidos e participação económica em negócios obscuros. Não estava sozinho: figuras-chave do IACM foram arrastadas para o mesmo processo, revelando que o problema não era um ato isolado, mas um sistema inteiro de poder e favorecimento.
A cereja no topo da podridão? As acusações de sobrefacturação milionária na LAM — a companhia aérea estatal que, há anos, é sinónimo de bilhetes caros, aviões velhos e um buraco financeiro sem fundo. É nesse pano de fundo que a exoneração de Abreu ganha contornos de urgência: manter o comandante no comando seria um suicídio político para quem governa.
Abreu, que sempre se apresentou como “homem de consciência tranquila”, culpa “denúncias anónimas com fins ocultos” e se diz vítima de um linchamento. Mas o país já se cansou de ouvir essa velha cantiga. A população quer ver os culpados responsabilizados, não apenas transferidos ou substituídos.
O que vem agora? Provavelmente, a dança das cadeiras no topo do IACM, com um novo nome, mas as mesmas velhas práticas — a não ser que desta vez o governo tenha coragem de cortar na carne e expor todo o esquema.
A queda de João de Abreu é um aviso para muitos: em tempos de crise, até os intocáveis podem cair. Mas a grande pergunta é — será que desta vez a limpeza será real ou estamos só a trocar os jogadores mantendo o mesmo jogo sujo?