“USADOS E DESCARTADOS”: 300 MILITARES DENUNCIAM ESQUECIMENTO DO ESTADO APÓS LUTAR CONTRA O TERRORISMO EM CABO DELGADO

 

Militares denunciam esquecimento do governo às suas promessas

“Lutámos pelo País e Fomos Esquecidos”: 300 Militares Moçambicanos Denunciam Abandono Após Combate ao Terrorismo em Cabo Delgado

Cabo Delgado, uma província marcada pela dor e resistência, volta a revelar um capítulo sombrio da luta contra o terrorismo. Mais de 300 militares moçambicanos denunciaram que, após um ano inteiro de combate direto nas zonas mais críticas do conflito, nunca receberam os pagamentos prometidos.

A denúncia, inicialmente feita à STV e agora trazida ao público por ClearAgenda.com, expõe um drama que mistura heroísmo, desilusão e abandono. Os militares relatam que foram mobilizados com a missão de proteger a nação, mas terminaram a campanha sem salários, sem apoios e, por fim, com ordens para “aguardar em casa”.

Soldados sem farda, sem soldo e sem voz

Um dos militares, cuja identidade foi preservada por razões de segurança, revelou:

“Fomos para a frente de combate acreditando que o Estado não nos deixaria cair. Mas regressamos sem nada: sem pagamento, sem assistência e sem qualquer garantia de futuro.”

O testemunho repete-se entre dezenas de vozes. Muitos afirmam ter enfrentado condições precárias de logística, racionando munições, alimentando-se de forma irregular e suportando doenças tropicais sem medicamentos adequados.

O contraste entre o discurso oficial e a realidade do terreno

Enquanto o governo tem reforçado a narrativa de avanços significativos contra os grupos insurgentes em Cabo Delgado, a realidade descrita por estes combatentes é outra: falta de reconhecimento, ausência de transparência e negligência institucional.

Especialistas em segurança alertam que este tipo de abandono pode gerar um efeito devastador: desmoralização das tropas, risco de deserções e até fragilidade no combate ao terrorismo.



Um retrato de dignidade ferida

As imagens que chegam às redações mostram militares desarmados, vestidos à civil, alguns com marcas físicas da guerra, mas todos carregando um peso invisível: a sensação de terem sido usados e descartados.

“Não lutámos por salários apenas. Lutámos porque acreditávamos na bandeira. Mas é duro voltar e perceber que a bandeira não olha por nós”, lamenta outro combatente.

O silêncio que incomoda

Até ao momento, o Ministério da Defesa não deu respostas públicas concretas às denúncias. A ausência de esclarecimentos aprofunda a revolta e abre espaço para novas tensões.

Para os analistas, este episódio mostra que o combate em Cabo Delgado não se trava apenas contra insurgentes armados, mas também contra a desorganização interna e a falta de políticas claras de reintegração dos militares.

Conclusão: o preço invisível da guerra

A denúncia destes mais de 300 militares revela uma ferida aberta na gestão da crise em Cabo Delgado. Eles carregam cicatrizes de batalha, mas também a dor da indiferença. E a pergunta que ecoa é inevitável: quem cuida de quem arriscou a vida para proteger Moçambique?


👉 Reportagem original: STV | Republicação editorial: ClearAgenda.com


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